Cuidando da Visão Noturna

Lakeland Sylvia – Cuidando de sua visão noturna - Jornalternativo 2009

Nos meus sete anos de redução gradual e total da visão o fator mais importante para seguir minha vida era a presença da Luz. Eu vivia de fato a partir do nascer até o por do sol lamentando os longos invernos com dias muito curtos e os rápidos verões com só um pouco mais tempo de luz e animação. O que fazer no escuro, como compreender e aproveitar melhor a estrutura dos olhos e da retina nestes extensos tempos de escuridão? Foi preciso tomar consciência deste problema, quebrar hábitos, mudar padrões e criar novas rotinas e exercícios para aproveitar cada vez mais a escuridão; novas oportunidades de continuar a manter os olhos ativos e vivos. Continuar a Ver!

E como são fantásticos os nossos olhos! Cones e bastonetes determinam a qualidade de nossa visão. Encontramos, no ponto de maior percepção visual - a fóvea - os cones, responsáveis pela melhor percepção visual e pela visão colorida. Mas os cones não têm sensibilidade em situações de mínimas de luz. Já os 130 milhões de bastonetes distribuídos em nossa retina percebem movimento, preto/branco, lusco-fusco e atingem o máximo de sensibilidade nas condições mínimas de luz.

Explore o escuro - Quando totalmente adaptados à escuridão os bastonetes são 30.000 vezes mais sensíveis à luz do que os cones são na luz do dia e atingem uma adaptação noturna completa em uma hora. Assim, ao acordar durante a noite, os bastonetes estarão adaptados aos mais baixos níveis de luz e poderá ver os objetos no seu quarto e andar pela casa toda no escuro! Se acender uma luz forte, toda a baixa sensibilidade se perde. Ao apagar a luz já não perceberá os objetos no seu quarto e o processo de adaptação noturna terá de começar de novo. Portanto, desde já, uma recomendação importante: durma sempre num quarto totalmente escuro, sem luzes acesas ou marcadores de luz de equipamentos com TV, celulares e relógios. Ao acordar durante a noite, não acenda luzes nem invada a geladeira para um copo d’água, deixe-a previamente pronta. As pupilas estarão bem dilatadas, bastonetes em ação e aproveitando a visão noturna.

    

Garanta uma boa visão no escuro - Ir ao cinema durante o dia pode explicar bem o que é a adaptação noturna. Quando o filme começa verá somente as imagens na tela além das eventuais luzes nos corredores entre cadeiras. As pupilas dilatam-se e os bastonetes começam a adaptar-se ao escuro. Em seguida, começará a ver cada vez mais e melhor no escuro e poderá caminhar entre as cadeiras sem sentar-se por engano numa cadeira já ocupada! Na fase final do filme, antes da luz se acender terá a sensação de ver a sala cada vez melhor e com mais claridade. De fato, adaptou-se à escuridão durante o filme! Se ainda estiver claro o dia ao sair do cinema a luz brilhante do dia irá ofuscar a sua visão novamente.

Mais recomendações úteis para a sua melhor visão noturna: Se estiver num ambiente escuro com a visão bem ajustada, desvie de imediato o seu olhar de qualquer luz forte inesperada. Se olhar diretamente para a luz verá pouco ou nada mesmo por um curto período de tempo; se tiver de sair de um ambiente escuro no qual sua visão estava adaptada, mas para onde planeja voltar em curto prazo, antes de passar ao ambiente claro tape um olho. Este olho tapado e protegido da luz ficará adaptado ao escuro quando retornar à sala escura.

Deveríamos viver sempre em ambientes com boa luminosidade de dia, mas encontramos muitas situações de má qualidade de luminosidade natural e iluminação artificial quer em ambientes de trabalho quer doméstico além do excesso de luminosidades distorcidas das nossas áreas urbanas durante a noite. A maioria das pessoas não compreende como deve usar a sua visão em ambientes de baixa intensidade de luz criando assim desconfortos visuais a serem corrigidos.

Entender como funcionam os olhos em relação aos mecanismos de uma boa visão noturna faz parte regular das terapias naturais para a melhora da visão, pelo Método Bates e o Método Meir Schneider de Autocura. “Melhorar a visão noturna” foi tema de um excelente workshop feito por Thomas Quackenbush (Holanda) durante a 21ª Conferencia Internacional de Visão Holística, em novembro 2007 na Alemanha, no qual estive presente como conferencista. Desde 2006, nos Seminários Nacionais de Visão Holística realizados em São Paulo, temos feito experiências para analisar mais as questões da visão noturna, trazendo sempre as novidades apresentadas nas Conferências Internacionais, em especial com vivências práticas para a melhora da visão noturna, a ligação entre corpo, cérebro e olhos, percepção e visão.